IVAR é discutido por especialistas do setor

Preocupação é que novo índice não reflita realidade nacional. No final de janeiro foi realizada pelo Creci uma live para debater o novo IVAR – Índice de Variação de Aluguéis Residenciais

 
FRANCISCO EGITO, WILSON MARTINS
E JOÃO EDUARDO

No dia 11 de janeiro o mercado imobiliário foi sacudido com a notícia de que o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) havia criado um novo índice para reajuste dos aluguéis, mais adequado aos indicadores e à realidade deste mercado. O IVAR – Índice de Variação de Aluguéis Residenciais – substitui o IGP-M e é é calculado com base em uma média ponderada de dados de aluguéis das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Diante da novidade, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RJ) decidiu reunir especialistas numa live para debater o novo indicador e entender seu impacto no mercado. O evento foi chancelado pela Universidade Corporativa do Creci (UniCreci) e contou com três especialistas do setor imobiliário: Francisco Egito, coordenador do UniCreci e diretor do Grupo Francisco Egito, que foi o mediador, Wilson Martins, advogado, corretor de imóveis e especialista em Direito Imobiliário, e João Eduardo Correa, vice-presidente do conselho.

Primeiramente, eles trataram da importância do índice, e, como disse João Eduardo Correa, ele foi criado para “equalizar a moeda, não fazendo o patrimônio perder o seu valor”, mas alertou para algumas questões importantes e cuidados que empresários precisam ter. Afinal, apenas quatro capitais serviram como base de dados para sua criação.

Wilson Martins, por sua vez, comentou a respeito da possível não aceitação do IVAR em outras áreas do Brasil, justamente por ser um país continental. “O Norte e o Nordeste talvez não adotem o IVAR.” Além disso, ele alertou para a necessidade de se existir um critério, porque, segundo ele, “o mercado acaba se autorregulando, então é preciso dar mais tempo para essa coleta de amostras, e esperar que o IVAR mostre a realidade nacional”.

E esse foi um tema recorrente no discurso de Wilson Martins, porque, segundo ele, o “IVAR não está refletindo o que representa o cenário atual do Rio de Janeiro”. Por isso, é necessário ter cautela, “porque a procura por imóveis, especialmente na Zona Oeste da cidade, presenciou uma procura enorme, ou seja, o índice pode vir a refletir a realidade, mas apenas no futuro”.

João Eduardo apontou como é importante entender “a necessidade do cliente”, algo que toda empresa precisa ter, o que mostra uma evolução na profissão do corretor de imóveis, que agora consegue olhar o cliente “olho no olho e ver como está a sua situação real”.

Outro ponto importante trazido por Wilson Martins foi a adoção das novas formas de resolução de conflitos de interesse, como a inventários extrajudiciais e partilhas de bens. Ele disse que não houve invenção da roda, apenas uma adaptação, especialmente durante a pandemia da Covid-19. “Na WMartins, abrimos vários canais de comunicação com o locatário e escutamos os cases de cada um em relação à Covid, e é interessante falar de como isso serviu para mostrar que o locador não é o milionário que todos acham. Isso só mostra a importância da mediação, porque o número de despejos e problemas com inadimplência foram se resolvendo.”

Em seguida, o vice-presidente fez um apelo aos profissionais do mercado e foi objetivo em seu discurso, destacando a necessidade de se rodear por profissionais capacitados, e então Francisco Egito completou: “O corretor atrasado não será substituído por outro, será substituído por aquele que se utiliza dos meios atuais.”

Para finalizar, o mediador ainda foi cirúrgico para as mais de 200 pessoas que prestigiaram a live. “O currículo do corretor está 60 anos atrasado, e é a hora de se mudar isso.” Wilson Martins, em suas considerações finais, disse que o mercado imobiliário não é o deserto para quem enxerga de fora, especialmente o de locação, e sim uma grande possibilidade para quem atua ali com um “futuro extremamente próspero”, basta buscar e se dedicar. Já João Eduardo fez um levantamento breve do mercado e deu dicas para o corretor que está começando. “Você só vai conseguir crescer se tiver apoio, porque se não tiver será impossível. O que o profissional experiente tem, hoje, é uma carteira de contatos enorme, além de se condicionar ao que dá certo no mundo.”

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