A condômina “medicada”, o apartamento “macumbado” e o síndico “preferido”
Sexta feira, 17/12/21 às 15:58 recebo oito vídeos de 0:45 cada de uma condômina “famosa” do último andar (acima dela só o telhado) mostrando um vazamento no banheiro dela durante uma das grandes chuvas na capital do Rio de Janeiro.
As mensagens dela são sempre emocionantes, mas estas estavam em outro nível…
Antes de responder a ela, entrei em contato com uma empresa de manutenção predial e “obriguei” o cara providenciar um profissional para ir no apto dela e no telhado na primeira hora do sábado. Mandei um áudio dizendo o que já tinha feito.
Depois veio um áudio de 1’32” onde ela começa chorando, pedindo desculpas para mim, dizendo que está em depressão profunda, xingando o último cara que fez o serviço lá, dizendo que o apartamento é “macumbado”, que tentou falar com “todo mundo” e não sabia mais o que fazer. Reclamou do cachorro do vizinho e falando que o teto estava todo furado, que não se pode confiar nas pessoas e que o ser humano é ph#$@.
Ela mandou mais dois áudios dizendo para eu não me desesperar que tínhamos que esperar a chuva passar para resolver (a previsão “disse” que só na segunda ia parar de chover). Eu queria resolver logo, mas ela preferiu esperar.
Mais dois vídeos de 0:25 cada mostrando mais do mesmo banheiro (não parava de chover forte).
Mais um áudio de 2:37 que ela xingou os dois últimos caras que fizeram os reparos, me detalhou todo o serviço que foi feito da última vez, me disse que não estava em condições psicológicas de receber ninguém, me isentou de culpa, me agradeceu pelo atendimento e que só queria alguém lá depois que a chuva parasse.
Mais seis áudios dizendo que não queria ninguém lá até a chuva parar. No último (às 22:36) ela chorava, se desculpou e disse “Deus te abençoe”.
Segunda-feira cedinho mais um áudio enorme com mil desculpas, “meu síndico preferido” dizendo que estava “descontrolada” e que agora podia combinar tudo comigo pois estava “medicada”…
Pois é… vida de síndico não é fácil…
Leonardo Torres tem 48 anos. É Administrador de condomínios, síndico certificado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e empreendedor.