Segurança, um compromisso de todos

INVESTIMENTOS EM TREINAMENTO E EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA SÃO RECOMPENSADOS PELOS GANHOS PARA A COMUNIDADE CONDOMINIAL

 

De tão relevante, a elaboração de um plano estratégico de segurança condominial deveria ser o primeiro passo a ser adotado em todos os condomínios. O defensor dessa tese é o delegado José Paulo Pires, para quem este plano deve observar alguns desafios básicos, como a análise de riscos; os procedimentos cotidianos; a segurança física e eletrônica; a qualificação humana e, sobretudo, os custos. “As restrições orçamentárias são um dos principais problemas que afetam grande parte dos condomínios no Brasil. Com a experiência que adquiri no combate ao mundo do crime, como profissional de segurança pública e estudioso do tema, afirmo que a Lei de Pareto (ou regra 80/20, segundo a qual 80% dos efeitos surgem a partir de apenas 20% das causas) também se aplica no contexto condominial. Assim, vemos que a menor parte dos recursos aplicados é responsável pela maior parte dos resultados alcançados”, aponta.

Segundo ele, os criminosos atuam basicamente de duas formas para entrar nos condomínios: enganam, ludibriam, iludem os porteiros ou rompem obstáculos, escalando grades, portões, portas e janelas. Isto é, entram pela porta da frente. “Se já identificamos os dois ‘modi operandi’, por que não usamos eficientemente os recursos disponíveis para evitar ou dificultar a atuação dos marginais? Parte dos recursos disponíveis deve ser direcionado, prioritariamente, à qualificação de todos os atores que trabalham e vivem nos condomínios, como vigias, seguranças, porteiros, auxiliares de serviços gerais, moradores e síndicos. O treinamento é fundamental. Além disso, é importante investir em tecnologias e equipamentos. Os gastos nesses dois pontos não são altos. Na realidade, são baixos. E, de uma forma planejada, podem ser custeados por qualquer condomínio”, garante.

Nosso entrevistado, que foi presidente do Sindicato dos Delegados do RJ e da Federação Nacional dos Delegados de Polícia, destaca ainda que a responsabilidade pela segurança do condomínio é de todos os atores que nele ou dele vivem. “O síndico é mesmo o grande maestro. Aos moradores, o condomínio deve fornecer informações para que possam agir preventivamente. Existem duas regras fundamentais que, se adotadas por funcionários, evitariam quase todos os ataques: identificar quem deseja entrar e pegar autorização do morador para este ingresso. As regras são simples, mas a dinâmica do trabalho dos porteiros e a falta de treinamento provocam falhas.”

A pedido da Revista dos Condomínios, José Paulo Pires lista alguns dos golpes mais comuns: falso corretor de imóveis; falsa faxineira; mulher sensual; falso funcionário de concessionária de serviços públicos e entregador de encomendas; simulação de carona e pedido de ajuda. Segundo ele, a prática de roubo não é tão comum nos condomínios, mas provoca grande sensação de insegurança. Nesses casos, porteiros e moradores devem manter a calma e não reagir, se não forem treinados para tanto. “É preciso evitar movimentos bruscos; obter o máximo de informações sobre os criminosos, veículos e armas utilizadas; avisar aos moradores e à PM, quando possível; preservar imagens gravadas; os locais para realização de perícias e restabelecer a segurança após a saída dos marginais.

A análise se o condomínio possui bom nível de segurança, em princípio, deve ser feita por profissional especializado. Há consultores e empresas privadas que realizam tais atividades. Quando o orçamento não permite, a saída é criar um conselho de segurança com moradores para auxiliar o síndico. Essa avaliação deve levar em conta alguns elementos básicos. “Podemos listar a análise de riscos; as normas e rotinas a serem adotadas; a segurança física, com os elementos que devem ser construídos ou instalados; a segurança eletrônica (câmeras, sensores e alarmes) e a qualificação, com aposta em cursos, palestras e manuais. Além do debate sobre os valores necessários para a implementação das alterações.

6 REGRAS DE OURO

  1. Observar se não há pessoas ou veículos estranhos ao sair ou entrar no condomínio.
  2. Aguardar na portaria o porteiro atender alguém que queira entrar.
  3. Ao sair ou entrar, fechar o portão para que outra pessoa desconhecida não entre.
  4. Não conversar ou aguardar alguém com a porta ou portão de acesso ao condomínio aberto.
  5. Não acionar o portão automático da garagem se estiver a uma longa distância.
  6. Aguardar a chegada de táxi, carona ou transporte privado urbano por aplicativo dentro do condomínio.
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