Tratando riscos e cuidando do trabalhador

Tratando riscos e cuidando do trabalhador

ARevista dos Condomínios enviou um repórter para apresentar aos nossos leitores as melhores iniciativas disponíveis no mercado para capacitar e cuidar melhor dos trabalhadores no ambiente de trabalho. Para tal empreitada, nosso repórter falou com Leandro Mota, engenheiro e especialista em Saúde e Segurança do Trabalho (SST) e CEO da Fluxomed. Para começar a entrevista o repórter tocou no assunto mais sensível quando se trata de cuidado com a saúde e a vida: Incêndio, treinamento e evacuação de condomínio.

Repórter da Revista dos Condomínios: A melhor forma de evitar incêndio e poupar vidas é através de treinamentos técnicos para os trabalhadores?

Leandro Mota: A Fluxomed, uma vez contratada, disponibiliza aos funcionários do condomínio conhecimento para uma serie de itens, como: Condutas de evacuação, formas de evacuação, obrigações e tarefas durante uma emergência. A formação de uma brigada de incêndio é importante para saber como melhor tratar os focos das chamas, por exemplo. Todos os assuntos relacionados a incêndio requerem treinamentos específicos.   

Repórter RDC: Você acredita que a legislação cobre de forma perfeita essa questão de treinamentos para um momento de incêndio em um condomínio? Digo isso, porque identifico que o espaço das escadas tem luz de emergência, mas os degraus não têm; não se tem o porta-cadeirante para descer escadas, que nas empresas têm; e algumas outras questões de acessibilidade que os projetos de condomínios atuais parecem não prever e solucionar.

Leandro Mota: Nesse setor não existe uma fiscalização muito atuante. Há muita miopia, amadorismo e negligência em relação a isso, porque são os próprios moradores que fazem a fiscalização.
Mas, atualmente, está surgindo uma maior preocupação com esse tema como, por exemplo, na questão do gás. Hoje a gente já vê uma necessidade de vistoria; uma legislação nesse sentido; em relação a prédios comerciais, hospitalares, acontece essa fiscalização de uma forma um pouco mais técnica. Agora, realmente, em relação a condomínios, é muito diminuta essa fiscalização. Mas existem alguns critérios obrigatórios a serem cumpridos e o síndico tem que estar atento a eles. Ao mesmo tempo, a gente percebe que existe uma “vista grossa” que deixa passar muita coisa sobre o tipo de condomínio residencial. Por isso, na escala, é falado sobre a necessidade documental, registral, para que evite que o condomínio sofra, como consequência, a sequência de multas e isso onere o valor estimado ao condomínio e, por extensão, ao condômino.

Repórter RDC: Agora, outra questão importante, ainda em relação à segurança, é a saúde do trabalhador. Por favor, me fale um pouco sobre as questões relacionadas a segurança do trabalho.

Leandro Mota: As questões críticas que podem acontecer com aquele funcionário que tenha uma doença ocupacional pode ter como resultado um processo de trabalho e, por consequência, que um condomínio tenha perda em processo judicial em um valor médio que está, hoje, em média, em torno de R$150 mil – em decorrência dessas doenças ocupacionais adquiridas, transformadas em processos não cuidados.

Repórter RDC: Originados a partir de assédio moral?

Leandro Mota: A origem de doenças, que deram causa aos processos, são várias. Hoje, a ação psicológica é o terceiro motivo de processos trabalhistas no Brasil. Então, a pessoa que fica com problemas psicológicos, devido a assédio, de ações de discriminação, seja racial, de gênero ou social, tem apresentado um número bastante elevado. Como disse, a origem psicológica das doenças é a terceira em geração de processos e uma das que mais afastam o trabalhador de suas funções no país.

Repórter da Revista dos Condomínios: Então, essa questão de absenteísmo é algo expressivo no mercado, atualmente? Como vocês lidam com esse viés de crescimento dessas doenças? A companhia oferece algum plano de contingenciamento de tratamento dessa questão? 

Leandro Mota: Dependendo do plano contratado a gente oferece a telemedicina, no qual a empresa tem controle de absenteísmo. Os nossos médicos acompanham por telemedicina o tratamento desse colaborador para que ele retorne o mais rápido possível, mas também se e quando possível, ao processo de trabalho, porque as empresas não desejam que seus colaboradores tenham um agravamento das doenças que ocasionaram seus afastamentos. É de se notar que algumas empresas, tendo como foco o retorno dos seus colaboradores às funções, acabam por promover uma volta antecipada com repercussões para os resultados. É correto dizer que o acompanhamento dos colaboradores, durante esse processo de reabilitação, não foi bem desenvolvido, realizado. Quando a gente tem todo esse processo acompanhado por telemedicina, além de se conseguir reduzir esse caminho, de retorno às funções, o tratamento se torna mais adequado. Ele surte mais efeito. A Fluxomed tem aplicado essa lógica tanto para reduzir o tempo, quanto para um quadro mais satisfatório quando do retorno do trabalhador. É claro que, em certos casos, há a necessidade de um tempo mais longo de reabilitação.

Repórter RDC: Os empresários, nesses casos, têm que tratar a questão com certo cuidado para que não seja, eventualmente, caracterizado como negligência com a saúde do trabalhador, correto?

Leandro Mota: Sim. A primeira preocupação é a jurídica. Todo o tratamento sequenciado; se todas as etapas do tratamento foram adequadamente cumpridas; se o colaborador está com uma assistência em conformidade com os padrões; tudo isso, precisa da cooperação da empresa, que deve auxiliar o colaborador mesmo que afastado. E o auxílio pode ir um pouco mais além, com certeza, e é o que a gente recomenda, para que a empresa obtenha e disponibilize as informações de forma mais rápida e o colaborador possa ser mais útil no momento de seu retorno ao local de trabalho. Para que possa voltar para a mesma função, com a mesma utilidade processual do trabalho. Esse é o resultado que a Fluxomed sempre busca.

Repórter RDC: Ou seja, que o trabalhador volte realmente recuperado, correto?

Leandro Mota: Sim. Totalmente recuperado. Quando há falta de acompanhamento, o processo de readaptação não tem a resposta esperada uma vez que o processo de tratamento não foi bem desempenhado. Com isso, o colaborador não volta totalmente reabilitado de forma a desempenhar todas as funções de antes, de forma plena. Com isso acontece, muitas vezes, desse trabalhador ser levado para outras funções em um processo de readaptação para uma atividade que nem era prevista pela empresa. Em resumo, o acompanhamento por telemedicina oferece uma taxa de reabilitação maior se comparado por outras técnicas ou processos. Nesses últimos casos, muito raramente o trabalhador volta em condições de retomar suas funções da mesma forma.

Repórter RDC: A Fluxomed oferece, hoje, algum outro serviço de apoio ao trabalhador?

Leandro Mota: Temos um canal para atendimento com psicólogos e psicanalista para consulta para nossos clientes, quando contratados. Além da assistência de saúde ocupacional voltada ao profissional. Existe, também, um canal de acompanhamento dedicado a esse colaborador, para ele dar sugestões em relação ao local de trabalho. Ou seja, para a parte de leiaute e estrutura, mas também em relação ao desenvolvimento profissional, orientação, treinamento, cultura, ambientação. A gente tem uma abertura para ouvir esse colaborador para que ele informe qual área, ou quais áreas da companhia ele tem sentido falta dentro do ambiente de trabalho que poderia contribuir para que ele melhore a atuação profissional e, desse modo, desenvolva de forma satisfatória o trabalho dele. 

Repórter RDC: Entendo a questão, porque esse profissional pode voltar às suas atividades, mas o problema que causou a doença pode ainda estar presente no ambiente, nas etapas de alguns processos da rotina da função, não é mesmo?

Leandro Mota: Sim. O que notamos é que, às vezes, a gestão por parte do síndico não é atenta, bem realizada. Acaba que os colaboradores, sem um apoio do síndico, terminam por se tornar um para-raios dos problemas e questões diárias. E esses profissionais, na maioria das vezes, enfrentam situações que não estão capacitados a enfrentar. Daí, o estresse que pode originar uma doença. E a gente, como gestores da Fluxomed, criamos esses cenários para buscar essas informações para que a gente possa trabalhar, em conjunto, para a saúde. Então, é muito importante se investigar o que deu origem a doença. Não adianta tratar da saúde e deixar o colaborador exposto aos mesmos fatores desencadeantes que deram origem a doença. É necessário investigar e corrigir ou mitigar esses fatores que podem contribuir ou, mesmo, determinar que ele seja afastado.

Repórter da Revista dos Condomínios: Então, vocês da Fluxomed fazem um acompanhamento do colaborador durante o tempo de readaptação?

Leandro Mota: O procedimento é decidido caso a caso. Se vai precisar de um terapeuta acompanhando todo o processo; se precisaremos fazer a readequação do ambiente no tempo de acompanhamento do processo de reabilitação. Existem casos que é necessário, sim. 

Repórter RDC: E aí, deve ser contratado pela empresa cliente, caso a caso?

Leandro Mota: Sim. E existem casos que a Fluxomed faz um laudo de adaptação do cenário e a gente coloca para a empresa cliente essa necessidade. E, então, fica a cargo da empresa colocar todas aquelas indicações do laudo em prática.

Repórter RDC: Esse relatório, com todo o descritivo, que está contido no laudo, fica registrado na Fluxomed e uma cópia é enviada para a empresa cliente, no caso a administradora ou síndico, mas também é enviado para o colaborador?

Leandro Mota: Depende. Se o caso interferiu no processo, e gerar um risco ocupacional para o colaborador, o caso, com certeza vai ser registrado no Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) dele. Todo condomínio que contrata funcionário na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) ele tem por obrigação de apresentar algumas documentações de saúde e segurança. Essas documentações dizem respeito aos riscos ocupacionais, que são: PGR, PCMSO, ASO e outras. O Programa de Gerenciamento de Riscos, como o nome diz, é um programa. Ele deve ser seguido, relatado e, ao longo do processo, o declarante pode ir mudando o cenário desse documento, acrescentando os novos riscos ou, até mesmo, declarando a inexistência de riscos devido a medidas que foram tomadas e, desse modo, não fazem mais parte do processo.

Repórter RDC: Você poderia dar um exemplo, para ficar mais fácil o entendimento?

Leandro Mota: Tem muito condomínio que faz diluição de produto químico. O profissional porteiro ou o zelador pega um produto químico e vai diluir. Ou seja, o produto tem uma concentração agressiva demais. Muitas das vezes a gente sugere que seja comprado o produto já diluído, para que os colaboradores não tenham contato com o grande risco que é o produto concentrado. 

Repórter RDC: E, no caso do produto concentrado, o condomínio não possui e, portanto, não disponibiliza os EPIs para os colaboradores realizarem a manipulação desse produto químico!?

Leandro Mota: Exatamente. E, na maioria das vezes, o condomínio não está ciente nem da regulamentação para que os colaboradores possa realizar o processo de modo seguro. A nossa sugestão é sempre a eliminação primária do risco, ou seja, deixar de manipular o produto concentrado e comprar o mesmo já diluído. Só essa medida já diminui o grau de risco potencial. E, aí, em sequência a gente trabalha algumas outras medidas: substituição do produto por outro, de menor agressividade; um cancerígeno por outro que não gera câncer.
Então, são algumas das ações mais voltadas ao condomínio. Outras ações que são comuns aos condomínios são ações associadas a: degraus; coleta de lixo – por falta de uma segregação correta, pode ocasionar uma pessoa ser espetada por agulha, cortada por gilete; dependendo da retirada do contaminante do lixo; piso escorregadio; ambientes não favoráveis à segurança ou com iluminação precária; cenários com a presença de pontas e materiais cortantes; obstáculos que podem ocasionar quedas de altura. Essas são algumas situações, de cenários de alto risco para os trabalhadores, que a gente encontra em condomínios e que o colaborador está exposto diariamente. E, pela baixa atenção, ou por não estar capacitado para identificar os riscos nos cenários de trabalho, ele se envolve nas atividades sem levar em conta a presença dos riscos, se sujeitando a cometer acidentes gravíssimos nesse cenário.

Repórter RDC: Para ilustrar um pouco o que você está dizendo, podemos citar a ação de entrada e saída do elevador, que pode apresentar um desnível e, desse modo, um risco para o trabalhador? E outra pergunta: Vocês treinam minimamente os trabalhadores para identificar os riscos mais comuns?

Leandro Mota: Na Fluxomed, a gente tem diversos treinamentos para porteiro e zelador. Desde um atendimento a um princípio de incêndio ou formas de processo mais figurativos dentro do processo de trabalho dele, como: comunicação, atendimento a necessidade técnica, como, por exemplo, a iluminação. Um ambiente com alto risco, ocasionado por iluminação inadequada, ou cenários de risco, para isolamento. Todo esse tipo de trabalho é feito como prevenção. A gente atende toda essa demanda, não só de forma prática e fácil, porque a gente tem uma plataforma para EAD (educação à distância) para treinamento – com os conteúdos podendo ser personalizados para cada condomínio, ou voltado para a prática daquela empresa, que possui uma rede, com várias unidades. Isso também pode ser criado pela Fluxomed – logicamente dentro de um prazo para produção da análise e do conteúdo de acordo com um contrato específico para esse tipo de razão de atendimento.

Repórter RDC: Interessante essa alternativa de capacitação por meio de EAD… com isso, vocês têm uma proposta interessante, em termos de custo, para apresentar aos clientes?

Leandro Mota: Sim. A proposta de capacitação por EAD é hoje a mais econômica e satisfatória para todos. Obviamente não é a mais escolhida como benefício de segurança a todos os envolvidos. A mais sugerida é a presencial, porque gera conectividade, gera relacionamento, tira dúvidas atuais, do momento. Contudo, é bom destacar, nossas plataformas têm um canal de dúvidas. E o cenário que ele, colaborador, enfrentar, se tiver alguma dúvida, pode anotar, esperar o momento de uma capacitação ao vivo (via EAD), ou até mesmo apresentar a dúvida no canal, para que algum instrutor entre em contato para resolver.

Repórter RDC: Por último, mas não menos importante, queria saber o que é mais comum: Aplicar um treinamento no local de trabalho (TLT) e depois o EAD, ou o contrário?

Leandro Mota: Normalmente, na primeira fase, o treinamento é presencial, porque fica mais fácil tirar a maior parte das dúvidas.

Leandro Mota
CEO da empresa FLUXOMED, é pós-graduado em Engenheira de Segurança do
Trabalho. Atua em Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho há quase 20 anos.
Especialista do e-Social SST e gestão de
SST. Líder de Networking Profissional
pela REDE KAI, Conselheiro e Consultor da Rede MAIS EMPRASÁRIOS DE SS

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