Férias do síndico: como tirar um tempo da rotina condominial

Confira algumas dicas importantes e pontos de vista para auxiliar os síndicos e síndicas a terem a sagrada oportunidade de tirar férias

 
Karine Prisco e André Junqueira

As férias são um momento essencial para renovar as energias, viajar e, principalmente, sair um pouco da rotina estressante do trabalho. Momentos como esse são importantes para a saúde mental dos profissionais. Diante desse cenário, muitos síndicos e síndicas, profissionais ou orgânicos, que vivenciam diariamente adversidades, imprevistos e problemas relacionados aos condomínios supervisionados pelos mesmos, possuem dificuldades para tirarem suas tão sonhadas férias. 

A síndica profissional Karine Prisco trabalha há cerca de 15 anos na área e nunca teve tempo para tirar suas férias. “Nunca tive férias desde que comecei a trabalhar nessa área, sem dúvida eu estou chegando no meu limite”, conta. O que era para ser algo prático se torna quase impossível na vida de um síndico. A entrevistada informa que trabalha como síndica profissional ao lado de sua sócia, que também é sua mãe, Márcia Pedrosa. Juntas, elas dividem as tarefas, mas nem sempre há tempo para dar uma pausa. “Apesar de termos um horário flexível e algumas pausas para descanso nos feriados e finais de semanas que costumam ser menos agitados estamos sempre atentas no telefone e disponíveis para as emergências. Não tiramos férias até hoje por termos um perfil mais centralizador, mas é perfeitamente possível um síndico que possui um sócio se programar para tirar férias desde que se planeje com antecedência, porém não creio ser possível se desligar totalmente por 30 dias como um funcionário de uma empresa”, 

Apesar de ser algo comum, as férias não fazem parte do dia a dia dos síndicos. “Não existe qualquer lei sobre férias para o síndico, seja ele orgânico, que é residente, ou externo, que é o denominado profissional”, destaca o advogado especializado na área condominial, André Junqueira. Ser administrador de condomínios exige tempo e disposição do profissional, visto que algumas vezes eles são acionados quando menos esperam. “Em pleno natal eu estava com minha família e tive que atender uma emergência em um condomínio que ficou sem luz no prédio todo”, diz Karine Prisco.

Diante da falta do síndico, seja por conta das férias ou por um motivo emergente, quem fica responsável? “Na falta do síndico assume o subsíndico se houver previsão na convenção, na falta deste, assume o membro mais antigo do conselho, o que não pode é o condomínio ficar sem cabeça, mas no caso do síndico pessoa jurídica existe a figura do sócio ou preposto”,  conta Karine, que atualmente administra 32 condomínios.

“Caso o síndico seja uma pessoa jurídica, essa PJ é representada por um preposto, que pode ser um sócio, empregado ou prestador de serviço da empresa síndica. Dessa forma, o síndico pode tirar uma folga e deixar o preposto na linha de frente. Caso não tenha esse sistema do preposto, a saída é o subsíndico, mas somente se o condomínio que você administra tiver esse cargo preenchido em assembleia”, explica o advogado e professor André Junqueira. “Seu preposto deve ser alguém que tem conhecimento do condomínio. Alguém que pode fazer uma vistoria, que na ausência do síndico ele possa tomar conta dessas coisas, alguém de confiança”, esclarece o também autor do livro ‘Condomínios – Direitos & Deveres’, além de sócio titular da Coelho, Junqueira & Roque Advogados.

E para aqueles que buscam futuramente tirar um tempo do cotidiano condominial, seguem algumas dicas para a organização:

• Comunicar a todos (moradores e fornecedores) a sua ausência e informar quem ficará como responsável no seu lugar e os contatos de emergência.

• Passar as funções para quem irá lhe substituir.

• Agendar parcelas e pagamentos que forem possíveis já deixar programados.

• Adiantar o envio das informações de passagem, alimentação e variáveis de folhas de ponto dos funcionários para não haver atraso nos pagamentos.

• Realizar checklists e vistorias para checar o funcionamento dos equipamentos e áreas comuns.

O síndico profissional possui mais liberdade para planejar e realizar as tarefas do dia a dia, tanto profissionais quanto pessoais. Mesmo tendo esse espaço a mais, o estresse diário devido ao trabalho demanda cuidados relacionados à saúde mental. “Eu procuro cuidar sempre da minha saúde mental, por isso faço psicanálise e não tenho vergonha de dizer. Acho importante termos sempre o acompanhamento de um profissional. É muito complicado não ter ajuda nesta profissão para não perdermos a nossa saúde mental”, conclui Karine Prisco.

Contatos

Karine Prisco

@karineprisco

karineprisco@gmail.com

André Junqueira

@andreluizjunqueira

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