Primeira ocorrência do condomínio bem viver

Seria um dia intenso de reuniões. Dra Marta reunia-se com o síndico recém-eleito do Condomínio Bem Viver, Sr. Silvio. Ambos acreditavam que a reunião seria breve e leve. Mas não foi o que aconteceu.

A reunião seguia tranquilamente, até que tocou o celular do síndico. Era o porteiro Joaquim pedindo a presença imediata do síndico à portaria. “Mas o que aconteceu? Por que está assustado, Joaquim?”, indagou Sr. Silvio. Joaquim, com a voz trêmula e medonha respondeu: “Por favor, venha aqui, preciso do senhor, não sei o que fazer!”

Assustado com a situação, Sr. Silvio rapidamente pediu ajuda para Dra. Marta, e juntos se direcionaram à portaria. Quando lá chegaram, o morador do apartamento 72B, algemado, com policiais que queriam a qualquer custo adentrar a unidade do rapaz.

O jovem do ap. 72B morava sozinho, era educado, rico, de boa aparência e cumpridor assíduo das regras do artigo 1.336 do CC (deveres dos condôminos). Era difícil entender por que estava naquela situação de constrangimento na portaria do condomínio.

Depois de muitas conversas, o próprio jovem da unidade 72B autorizou a entrada dos policiais à sua unidade. “Pronto!” Pensou Sr. Teodoro. Problema resolvido? Triste engano. Não passou 15 minutos que os policiais haviam subido ao ap. 72B, para que Sr. Silvio e Dra. Marta fossem chamados na porta do apartamento do rapaz. Quem os chamara foi o sargento Santos, para informar que deveriam evacuaram imediatamente o edifício e que o esquadrão antibombas estava a caminho do condomínio.

“Meu Deus! O que está acontecendo?”, indagou o síndico. Em resposta, o sargento respondeu: “Senhor, tem várias bombas nesta unidade, temos de dar segurança a todos.”

Desesperados e inconformados com o que estava acontecendo, Sr. Silvio e Dra. Marta começaram a bater de porta em porta pedindo que o edifício fosse evacuado. Informavam somente que era uma questão de segurança e que acreditavam que logo tudo estaria normalizado.

Após a evacuação do edifico B do Condomínio Bem Viver e várias reclamações dos condôminos que perderam o direito de usufruir momentaneamente seus apartamentos. Sr. Silvio, para amenizar a situação de todos que foram obrigados a deixar suas residências, comprou comida, pediu ajuda de outros condôminos, torres diversas, para acomodar vizinhos, e rezava, rezava para tudo voltar à normalidade, além de querer renunciar ao mandato, pois percebeu que ali seria tudo uma bomba.

E Dra. Marta, essa seguiu firme, mesmo não sendo parte de seu ofício ficou a todo momento ao lado do síndico e dos condôminos, auxiliando-os em todos os assuntos e situações que precisavam.

Ah, e o que aconteceu depois?? Encontraram bombas?? Bom, isso fica para o próximo episódio.

Texto baseado em fatos reais. Nomes e alguns fatos narrados foram alterados para preservar o caso.

Marcela Gundim é advogada, sócia do escritório Michelena e Gundim Sociedade de Advogados. Presidente da Comissão Direito Condominial da OAB/SJC e vice-presidente da Comissão da Advocacia Condominial da OAB/SP.

Link